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domingo, 6 de abril de 2014

Inconfessável




... e pelas minhas mãos desfilam todos os desejos ardentes
que o teu olhar silencioso desvendou
num querer inconfessável...

JOÃO CARLOS ESTEVES,
 in INVENTEI-TE AS MANHÃS
 (Chiado Editora, 2013)

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Moro longe

Quero pão novo
Pouca conversa
Uma casa aberta
Um ótimo vinho
Flores do campo
Banho quentinho
Uma sobremesa
Um atrevimento
Dedicação
Muito carinho
Derretimentos
Pra compensar

Porque eu moro longe, no fim do
mundo
Se eu for aí, faça valer a pena
Porque eu moro longe lá aonde
ninguém vai
Se eu for aí faça valer a pena


Vanessa da Mata


Sintonia




Sinto sua falta ,eu nem acredito que novamente sentiria isto por você ,e agora ???
Você se afasta de mim
Porque???
Por favor manda mensagem , me procura 
Sinto seu cheiro no ar ,de mar ,amar 
 Lembro do teu sorriso cada vez que fecho os olhos 
E quando você caminha ,sempre a lugares que poderiam ser até a mim ,
Que pena somente um cenário 
Um pensamento
Um passo apenas e eu ,você ,nós ...
Assim ...
O som do meu coração é a sintonia que você um dia ouvirá ,
Valeu ,valeu !!

N D 

Sorria




Charles Chaplin foi o artista do sorriso, da docilidade, dos gestos pequenos e da grandeza de coração. Há um texto, de sua autoria, traduzido para o português que diz mais ou menos assim:

Ei, você, sorria!

Mas não se esconda atrás desse sorriso.

Mostre aquilo que você é, sem medo.

Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu. Viva! Tente!

Ame acima de tudo. Ame a tudo e a todos.

Não faça dos defeitos uma distância, e sim uma aproximação.

Aceite a vida, as pessoas. Faça delas a sua razão de viver.

Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você. Não as reprove.

Ei! Olhe! Olhe à sua volta quantos amigos!

Você já tornou alguém feliz hoje, ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?

Ei! Não corra! Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.

Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.

Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.

Chore! Lute! Faça aquilo que gosta. Sinta o que há dentro de você.

Ei! Ouça! Escute o que as outras pessoas têm a dizer. É importante!

Suba! Faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo, mas não esqueça daqueles que nunca conseguem subir a escada da vida.

Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.

Procure acima de tudo ser gente. Eu também vou tentar.

Ei, você. Não vá embora. Eu preciso lhe dizer que... gosto de você, simplesmente porque você existe!

*   *   *


terça-feira, 1 de abril de 2014

Chama-se saudade

O calendário anunciava um dia como tantos outros.

Não havia nenhuma marcação especial.

Não era feriado, nem se tratava de uma data utilizada para qualquer comemoração específica.

Seria um dia comum para quase todos. Mas não para todos.

Em alguns corações aquele dia era diferente.

Se ela ainda vivesse entre nós seria o dia do seu aniversário.

Quantos anos?

Isso pouco importava.

Na realidade, o dia do seu aniversário fazia com que a lembrança dela se tornasse ainda mais viva e mais forte.

Trazia à tona recordações de outros anos, em que tanta festa se fazia para homenageá-la.

Sem muito esforço era possível que nos recordássemos de surpresas, de sorrisos e de abraços afetuosos.

Tantas lembranças alegres!

Quanto carinho expressado e, ao mesmo tempo, quantas oportunidades perdidas de enaltecer o afeto que ainda sentimos.

Por isso, hoje a sua falta parecia mais intensa, como se fosse uma brasa reavivada por uma brisa súbita.

Agora que os anos se sucediam, após sua partida, nós quase nos atrevíamos a crer que não mais choraríamos de saudade.

Pensávamos que a falta dela já era algo incorporado às nossas vidas, apenas como uma cicatriz em nossa memória.

Mas era um engano.

A ausência dela haveria e há de ser para sempre uma presença muito forte nos nossos dias.

Isso, esse vazio, essa dor que por vezes nos invade e nos tortura, chama-se saudade.

E se lágrimas se atrevem a molhar nossos rostos agora, é porque os amores que partem continuam sempre presentes.

É porque jamais esqueceremos daqueles que verdadeiramente amamos.

Nada, nem o tempo, nem mesmo a morte, é capaz de modificar tal verdade.

*   *   *

Quando seres queridos abandonam este plano da vida sentimos como se uma parte de nós próprios nos fosse arrancada.

A sensação de dor é inevitável e natural em uma circunstância como essa.

Afinal, por mais preparados que estejamos, em relação à morte, por mais que saibamos das verdades a respeito da sobrevivência dos Espíritos, a separação é sempre dolorosa.

Sabemos que, por um período inestimável, estaremos distantes fisicamente daqueles que se foram.

Sabemos que nossas vidas terão outras companhias, outras rotinas, distintas das que tínhamos até então.

Sabemos que teremos que prosseguir mesmo assim, apesar da saudade que, por vezes, nos maltratará.

É normal que soframos e que as lágrimas se façam nossas companheiras por um período maior ou menor.

O que não podemos fazer, no entanto, é nos entregar ao desespero ou à revolta.

Quando nada pudermos fazer para alterar uma realidade que nos infelicita, devemos encará-la com coragem e com o desejo sincero de merecer algo melhor.

Se nossos amores partiram, precedendo-nos no outro plano da vida, cabe-nos orar por eles e aguardar de modo confiante pelo reencontro futuro.

*   *   *

Se por um lado a saudade dilacera-nos a alma, fazendo-nos verter lágrimas sentidas, por outro aspecto representa uma prova inequívoca de que os que se foram continuam sendo importantes para nós.

Assim, abençoada seja a saudade que aproxima de nossos corações, pela lembrança constante, aqueles que amaremos para sempre, apesar do tempo e do espaço.


Fonte partida e chegada

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara.

O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor.

Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi.

Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós.

Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas.

O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo.

E talvez, no exato instante em que alguém diz: Já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o veleiro.

Assim é a morte.

Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: Já se foi.

Terá sumido? Evaporado?

Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado.

Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado.

E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: Já se foi, no mais Além, outro alguém dirá feliz: Já está chegando.

Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.

A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos.

Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário.

A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.

Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós.

*   *   *

Victor Hugo, poeta e romancista francês, que viveu no Século XIX, falou da vida e da morte dizendo:

A cada vez que morremos ganhamos mais vida. As almas passam de uma esfera para a outra sem perda da personalidade, tornando-se cada vez mais brilhante.

Eu sou uma alma. Sei bem que vou entregar à sepultura aquilo que não sou.

Quando eu descer à sepultura, poderei dizer, como tantos: Meu dia de trabalho acabou. Mas não posso dizer: minha vida acabou.

Meu dia de trabalho se iniciará de novo na manhã seguinte.

O túmulo não é um beco sem saída, é uma passagem. Fecha-se ao crepúsculo e a aurora vem abri-lo novamente.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais de 
Victor Marie Hugo, do livro A reencarnação através dos
 séculos, de Nair Lacerda, ed. Pensamento.
Em 24.05.2010.

Abra seu coração

A sala estava repleta de convidados, todos curiosos para ver a obra de arte, ainda oculta sob o pano branco.

Falava-se que o quadro era lindo.

As autoridades do local estavam presentes, entre fotógrafos, jornalistas e outros convidados porque o pintor era, de fato, muito famoso.

Na hora marcada, o pano que cobria a pintura foi retirado e houve caloroso aplauso.

O quadro era realmente impressionante.

Tratava-se de uma figura de Jesus, batendo suavemente na porta de uma casa.

O Cristo parecia vivo. Com o ouvido junto à porta, Ele desejava ouvir se lá dentro alguém respondia.

Houve discursos e elogios.

Todos admiravam aquela obra de arte perfeita.

Contudo, um observador curioso achou uma falha grave no quadro: a porta não tinha fechadura.

Dirigiu-se ao artista e lhe falou com interesse: A porta que o senhor pintou não tem fechadura. Como é que o Visitante poderá abri-la?

É assim mesmo, respondeu o pintor calmamente.

A porta representa o coração humano, que só abre pelo lado de dentro.

*   *   *

Muitas vezes mal interpretado, outras tantas, desprezado, grandemente ignorado pelos homens, o Cristo vem tentando entrar em nossa casa íntima há mais de dois milênios.

Conhecedor do caminho que conduz à felicidade suprema, Jesus continua sendo a Visita que permanece do lado de fora dos corações, na tentativa de ouvir se lá dentro alguém responde ao Seu chamado.

Todavia, muitos O chamamos de Mestre mas não permitimos que Ele nos ensine as verdades da vida.

Grande quantidade de cristãos fala que Ele é o médico das almas, mas não segue as Suas prescrições.

Tantos dizem que Ele é o irmão maior, mas não permitem que coloque a mão nos seus ombros e os conduza por caminhos de luz...

Talvez seja por esse motivo que a Humanidade se debate em busca de caminhos que conduzem a lugar nenhum.

Enquanto o Cristo espera que abramos a porta do nosso coração, nós saímos pelas janelas da ilusão e desperdiçamos as melhores oportunidades de receber esse Visitante ilustre, que possui a chave que abre as portas da felicidade que tanto desejamos.

E se você não sabe como fazer para abrir a porta do seu coração, comece por fazer pequenos exercícios físicos, estendendo os braços na direção daqueles que necessitam da sua ajuda.

Depois, faça uma pequena limpeza em sua casa íntima, jogando fora os detritos da mágoa, da incompreensão, do orgulho, do ódio...

Em seguida, busque conhecer a proposta de renovação moral do Homem de Nazaré.

Assim, quando você menos esperar, Ele já estará dentro do seu coração como convidado de honra, para guiar seus passos na direção da luz, da felicidade sem mescla que você tanto deseja.

*  *  *

O olhar de Jesus dulcificava as multidões.

Seus ouvidos atentos descobriam o pranto oculto e identificavam a aflição onde se encontrasse.

Sua boca, plena de misericórdia, somente consolou, cantando a eterna sinfonia da Boa Nova em apelo insuperável junto aos ouvidos dos tempos, convocando o homem de todas as épocas à conquista da felicidade.

 

 do livro Repositório de
sabedoria, v. 2, 
Em 18.11.2013.