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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Vozes do silencio






vozes no silencio
Antonio Sales
Olho a vida com a luz crepuscular da idade. Coisas distantes, emoções cicatrizadas. As emoções são estados instantâneos retidos pela memória. Fogem, desaparecem… As dos nossos encontros resistem perante o sentimento das tuas palavras que acaloravam o meu corpo. Ai!… Como eram sedutoras as tuas palavras, vivaz a tua inteligência, sarcástico o teu sentido de humor… antipática chama de ironia. Bonito não eras, porém insinuante. força de um desígnio, olhos penetrantes. Tudo real, verdadeiro, autêntico, mesmo a tristeza embrulhada em ti. Tenho-a presente nesta memória de lágrimas, porque escondia uma espécie de feitiço. As recordações renascem quando o infortúnio nos atinge. Rápidas, impressivas, chocam-se numa fúria recuperadora de tormentos, enroscando-se à nossa árvore como plantas daninhas, deixando arranhões para desassossego do espírito. Destapam-se os véus do tempo onde se foi acumulando o pó do caminho: o júbilo ansioso e quente da juventude. São estes fios antigos que acabam por transformar a memória em bálsamo ou maldição.

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