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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Acalanto




Acalanto

Hoje dormirás a noite dos rios silenciosos

fluindo no tempo

as mornas águas do verão desfiando

os cabelos noturnos

por entre os velhos paredões da ponte.

A noite descerá dos eucaliptos

prenunciada pelas primeiras folhas

devolvidas ao solo.

Mas não haverá serenatas:

isso implicaria o passado

e a voz que tece aos teus ouvidos

vem mais da certeza do amanhã

que de murmúrios confundidos

em tramas de luar e vozes tristes.

Onde estarei em tua noite,

morta que foi a última estrela?

Onde estarei depois dos longos caminhos,

se me obstino em ter os rosto voltado para a frente?

A rua da província corre com o vento

para os altos descampados;

e este poste que fura um túmulo de luz

na noite sem mistérios

devolve a minha sombra aos teus domínios lentos

quase desfeitos na névoa do sono

que te cobre.

Ivo Barroso 

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