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sábado, 19 de outubro de 2013

Parte, e tu verás




    PARTE, E TÚ VERÁS

    Parte, e tu verás 
    Como as coisas que eram, não são mais 
    E o amor dos que te esperam 
    Parece ter ficado para trás 
    E tudo o que te deram 
    Se desfaz. 

    Parte, e tu verás 
    Como se quedam mudos os que ficam 
    Como se petrificam 
    Os adeuses que ficaram a te acenar no cais 
    E como momentos que passaram apenas 
    Perecem tempos imemoriais. 

    Parte, e tu verás 
    Como o que era real, resta impreciso 
    Como é preciso ir por onde vais 
    Com razão, sem razão, como é preciso 
    Que andes por onde estás. 

    Parte, e tu verás 
    Como insensivelmente esquecerás 
    Como a matéria de que é feito o tempo 
    Se esgarça, se dilui, se liquefaz 
    E qualquer novo sentimento 
    Te compraz 

    Repara como um novo sofrimento 
    Te dá paz 
    Repara como vem o esquecimento 
    E como o justificas 
    E como mentes insensivelmente 
    Porque és, porque estás 

    Ah, eterno limite do presente 
    Ah, corpo, cárcere, onde faz 
    0 amor que parte e sente 
    Saudade, e tenta, mas 
    Para viver, subitamente, mente 
    Que já não sabe mais 
    Vida, o presente; morte, o ausente - 
    Parte, e tu verás...

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