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domingo, 25 de agosto de 2013

Sexo com amor

Sexo com Amor – Gustavo Lacombe

1aas

“Era só sexo. Sempre foi. O problema foi quando começou um comichão aqui, uma dorzinha ali. De repente, toda a graça perdeu o efeito. Quando do telefonema para uma rapidinha clássica se fez a noite de amor com direito a café da manhã, algo de errado nasceu no meio da gente. Não se mistura sentimento e vontade. Não entre a gente.
Era opção. Quando um queria, o outro podia. Quando um dava um jeito, o outro já esperava. Na carência, na sofrência, no tédio, no prédio, na rua, na chuva, na fazenda. Não, na fazenda não. Basicamente, quando era preciso. Quase um delivery. Duas pessoas que encontraram muito mais que um ombro amigo. 
Era por esporte. Nem mesmo nas vezes que ficávamos de conchinha, rindo de outros casais, debochando de quem tratava aquilo de dormir abraçadinho como algo lindo. Clichê inútil. Nunca tinha havido espaço para mais nada além daquilo. O problema foi quando, numa dessas noites, enquanto o pau quebrava, ouvi. Eu te amo. Hã?
Era um carnaval. Sempre tinha uma época em que um dos dois namoravam. Nada tão sério ao ponto de estragar a rotina. Nenhum deles durou muito tempo. O problema? Talvez fosse o sexo mesmo, talvez o nosso jeito difícil. A gente se entendia. Como amigos, como amantes. Porém, sabendo muito bem separar uma coisa da outra. Cada um no seu espaço.
Era pra sempre. Era do bom. Às vezes era ótimo. Sempre satisfez. Juro. Era pras fantasias, pra fugir da vidinha. Era uma invasão no meio do dia em que o desejo batia. Era um crime perfeito. Era amizade. Até que um dia, depois do sexo, a gente demorou mais um pouco. Até mesmo depois de ouvir aquilo, que deveria ter sido dito num impulso normal. Aí, nesse dia, perdeu a graça.
Tínhamos colocado o amor no meio. Desandou.

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